Oito anos dependendo três vezes por semana durante 4 horas da máquina de hemodiálise com várias internações causadas pela insuficiência renal crônica, chegou a minha vez em 09 de Dezembro de 2010.
Duas horas da manhã o Hospital do Rim de São Paulo me ligou dizendo que tinham um rim para mim! Liguei para um amigo que mais feliz do que eu foi correndo me levar. Onze horas da manhã, fui para a cirurgia, recebi anestesia geral e quando acordei à noite já estava transplantado!
Dava risada sozinho e agradecendo e dizendo:
– Obrigado meu Deus, estou livre da máquina!
Durante minha internação eu via aquele enorme hospital de transplante, pessoas de toda parte do Brasil, felizes por estarem transplantadas, mas o tempo foi passando…
No quarto onde eu estava, colegas chegavam e entre 10 a 15 dias iam para suas casas felizes por voltar a urinar e eu permanecia. No corredor do hospital eu caminhava e observava as pessoas com sua sonda cheia de urina e a minha somente com sangue. E eu continuava dialisando e recebendo todo carinho e atenção da equipe de profissionais.
Eu era o “Rei da Biópsia” do quarto! Meu rim era submetido à biópsias para ver a causa de não funcionar. Fiz seis biópsias! Tive que tomar remédio na veia por 21 dias. Peguei conjuntivite e tive que ficar em isolamento, não podia andar nem do corredor. Ficava sozinho em meu quarto fechado.
Até que dia 08 de Janeiro recebi alta para continuar dialisando em minha clínica em Campinas. Fui para o banheiro, chorei por ter que sair do hospital e continuar na hemodiálise. Além disso, tinha que voltar em consulta no Hospital do Rim duas vezes por semana, onde muitas vezes chegava às 7:00 horas da manhã e saia às 19:00 horas sem muitas esperanças.
Observava as pessoas na consulta satisfeitas. Tive um amigo que ficou comigo o dia todo e me fez uma pergunta:
– Fui ao banheiro urinar quatro vezes e por que você não foi nenhuma?
Com vergonha tive que contar a verdade, muito chateado.
Dia 10 de Fevereiro fui novamente internado para tentar resolver meu problema. Cheguei até a urinar. Tive esse gostinho! Fiquei duas semanas sem dialisar. Aí sim eu estava feliz! Recebi alta e fui para casa e durante o caminho tive que parar duas vezes para urinar!
Mas, dois dias após, eu já estava inchado outra vez, pois parei de urinar novamente. Fiz uma sessão de hemodiálise e me senti muito mal no dia seguinte, tendo que voltar às pressas ao Hospital do Rim, onde fui internado.
Tive várias diarreias, em uma delas minha pressão caiu e eu perdi uma fístula de 8 anos. Foram feitos vários exames, até chegarem à conclusão que meu rim não funcionava.
Hoje ainda permaneço com o rim que só poderá ser retirado caso ele me ocasione problemas. Voltei para a máquina de hemodiálise, pois a vida é assim mesmo, uma luta! Temos que lutar com ela e continuar tentando o transplante.
Sou um guerreiro da hemodiálise! Nunca irei desistir!
Este artigo foi escrito por Rogério Ramos de Souza – Fundador da Revista e Jornal do Paciente e um guerreiro da hemodiálise. O conteúdo original se encontra no endereço http://www.revistadopaciente.com.br/depoimentos/pg/2
Ele faz um trabalho maravilhoso divulgando depoimentos, notícias, fotos, e todo tipo de informação sobre principalmente transplantes e hemodiálise em seu site e jornal mensal.
Vale a pena visitar o site da revista e saber mais sobre esse guerreiro: http://www.revistadopaciente.com.br/
Esse era meu irmão guerreiro